19/08/2013

Lost in translation (183) – O Pontal e a inflação dos adjectivos

Quando Passos Coelho, na sua persona de líder do PSD, faz um equilibrado e realista discurso no Pontal, quase estraga tudo ao classificar 2012 como «um ano verdadeiramente terrível» usando um adjectivo terrível em vão, porque ninguém sabe se os anos que se seguem não serão mesmo terríveis – por exemplo, se e quando tivermos num prazo curto de reduzir a dívida para 60% do PIB ou, em alternativa, se e quando formos obrigados a sair da Zona Euro.

Seja como for, a verdade é que as notícias sobre o annus terribilis são ligeiramente exageradas, como poderia ter dito Mark Twain se por cá vivesse. Difícil tem sido para a parte dos desempregados que já não têm subsídio de desemprego nem biscastes. O resto do povo, ou está na mesma ou recuou uma década e ninguém diria de 2003 que foi um ano terrível.

Quem também abusou dos adjectivos foi a oposição amplificada pelo jornalismo de causas que, a propósito de Passos Coelho ter dito uma verdade de La Palice (para acomodar uma eventual inconstitucionalidade de algumas medidas será necessário aumentar os impostos), quase acusou a criatura de assédio sexual aos juízes do TC.

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