Para se ter uma ideia das consequências da criminosa gestão socrática das infraestruturas rodoviárias usando as parcerias público-privadas como instrumento de desorçamentação à custa do adiamento dos custos e do consequente empolamento da dívida, veja-se o resultado da negociação deste governo com os concessionários.
Segundo o relatório da Unidade Técnica de Acompanhamento das PPP, citado pelo económico, os encargos líquidos do Estado com as PPP rodoviárias baixaram de 1.521 milhões em 2011 para 676 milhões em 2012, ou seja uma redução de 56%. Que se saiba, os concessionários não foram ameaçados de prisão, nem sequer houve recurso aos tribunais, e por isso tem sentido deduzir continuarem as concessões a ser negócios razoavelmente lucrativos. Que outra coisa podemos concluir do que estarmos perante um caso de dolo, ou pelo menos de negligência grosseira, na negociação pelos governos socialistas de 80 das 86 PPP existentes? Se não estamos, parece.
E como explicar que esse desperdício foi teoricamente caucionado pelo modelo econométrico de Marvão Pereira e Jorge Andraz no estudo "O impacto económico e orçamental do investimento em SCUT" publicado em 2006 onde estimaram que por cada milhão de euros que o governo investisse em infraestruturas rodoviárias o efeito acumulado no PIB seria de 18 milhões de euros, a longo prazo? O efeito acumulado no PIB foi obviamente negativo, de modo que o multiplicador das luminárias keynesianas aplicou-se não ao PIB mas à dívida.
Na época em que o estudo foi publicado, para além do (Im)pertinências, de O Insurgente e de mais meia dúzia de criaturas providas de desconfiómetro, alguém se lembra de luminárias, ou mesmo de humildes economistas ou, vá lá, de alguém que soubesse fazer contas, a pôr em causa, ou pelo menos em dúvida, o fundamento científico destes delírios? No país do faz de conta, a culpa costuma morrer solteira e a responsabilidade morre virgem.
Sem comentários:
Enviar um comentário