No Expresso de sábado passado, escrevia-se a propósito do desemprego: «os jovens é que sofrem mais» por terem uma taxa de desemprego superior a 40%. O jornalista que escreveu essa asserção piedosa deve saber coisas que eu não sei. Vejamos alguns números.
Dos 1.147 mil indivíduos no escalão etário 15-24 anos, grosso modo, 229 mil estão empregados e 166 mil estão desempregados ou inactivos. A taxa de desemprego de 42% não é medida em relação ao número total de jovens no escalão etário (1.147 mil), como aparentemente o articulista de causas imagina, mas em relação aos 394 mil activos. Estão matriculados no ensino secundário 441 mil e 396 mil no ensino superior, a maior a maior parte de uns e outros pertencerão ao escalão 15-24. (Dados do Censo 2011 e da Pordata)
Quantos dos 1.147 mil jovens sofrem? Os cerca de 750 mil não activos não me parece que estejam em estado de sofrimento – vejam-se as festas académicas que mobilizaram centenas de milhares (mais do que todas as manifs contra o desemprego), onde se consumiram uns milhões de litros de cerveja e se torraram milhões de euros; veja-se assiduamente as discotecas cheias e as muitas dezenas de festivais de música (só a Blitz seleccionou 22 melhores entre os festivais de verão) com dezenas ou centenas de milhares de espectadores cada um (em 2008 foram mais de 4 milhões de espectadores), onde se consumirão muitos milhões de litros de cerveja.
Quanto aos menos de 15% desempregados, vivem à conta dos e em casa dos pais, aliás como a maioria dos restantes.
Talvez os que mais «sofrem» sejam afinal os 229 mil empregados que têm horários e obrigações profissionais. Além destes «sofredores», quem mais sofrerá? Talvez muitos dos pais dos restantes que os sustentam e muitos dos avós para quem os pais não estão disponíveis, de tão ocupados a cacarejarem à volta dos seus frágeis rebentos.
Se estão tão bem, porque emigram 100 mil por ano? Ou serão os reformados e pensionistas que estão a emigrar? JEM
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ResponderEliminarOs reformados e pensionistas depois de terem passado a vida a trabalhar no duro e a descontar para que as "novas gerações" tivessem escolas, universidades, bolsas, estádios, autoestradas, e outros "direitos" terão agora a obrigação de morrer cedo para que os JOVENS possam usufruir de "TUDO A QUE TÊM DIREITO".
Os jovens pagam hoje os impostos mais elevados que há memória para suportarem a segurança social mais generosa, sabendo que só terão eles direito a uma reforma simbólica. Se há coisa que os jovens vão herdar em Portugal da geração grisalha são dividas, somos o 4o país mais endividado do mundo.
ResponderEliminarNa Alemanha as pessoas reformam-se com 50% do ultimo salário aos 67 anos. Em Portugal temos centenas de milhares de pessoas que se reformaram antes dos 60 com 90% do melhor salário. Pagos pela geração a recibos verdes, que mais emigra, com mais desemprego, numa situação económica tão difícil que faz com que desistiram de ter filhos ou se limita a um único filho. Mas a geração grisalha que se auto garantiu reformas insustentáveis pagas pelos precários diz, do alto da sua benevolência, cortem em tudo mas não toquem na minha reforma.
Caros amigos,
ResponderEliminarEste meu post tem pouco a ver com conflitos geracionais. Tem mais a ver com as consequências de uma cultura colectivista, conformista, avessa ao risco e à iniciativa que fomenta a dependência de um Estado paternalista de quem tudo esperamos mas não estamos dispostos a pagar. Essa cultura impregna tanto os jovens como os outros, sendo certo que, se maioria dos portugueses tem alguma responsabilidade por estado de coisas, essa responsabilidade é maior para os mais velhos e para os que têm tido um papel activo neste caminho – nomeadamente quase todos os políticos.
É esta cultura que leva os adultos a verem os jovens como uns coitadinhos sofredores e os incentiva a verem-se assim, e não como pessoas livres e responsáveis. Infantilizam e trazem os jovens ao colo com a má consciência de lhes deixarem uma dívida que os esmagará, de ocuparem empregos vitalícios, e na esperança de que esses jovens estejam dispostos a pagar-lhes pensões que eles próprios não terão.
IO disse muito bem. Tal como o Anónimo de 16/05/2013, 08:02:00
ResponderEliminarTrabalhem, vão arranjar terrenos e casa na "província" aonde poderão ter galinhas, ovos, couves, alfaces e fruta. Muitos terão as propriedades dos seus avoengos.
Trabalhem, como eu fiz, sem pena, sem sacrifício. Nunca me faltou o "pão nosso de cada dia".
Vamos! Podemos! Fomos os melhores do mundo há 500 anos. Por que não agora?