No dia 1 de Maio, o governo, pela boca de Passos Coelho, desfez um mito e a oposição, pela boca de António José Seguro, criou outro.
Passos Coelho com 2 anos de atraso referiu-se ao mito dos juros usurários, que aqui no (Im)pertinências já estamos cansados de desmitificar, lembrando que as taxas de juro dos empréstimos da troika são as mais baixas de sempre, apesar, lembro eu, de o risco da nossa dívida ser o mais alto de sempre, e, dando uma indirecta para a esquerdalhada em geral, com os conhecidos problemas de tabuada, acrescentou que «não é preciso, portanto, dominar grande aritmética para perceber que o problema não está na taxa de juro, mas na dívida que é grande». Em desespero de causa, e por última vez, aqui vão uma vez mais os juros usurários da troika (as maturidades são antes da extensão recentemente acordada):
Quando a AJS, na linha do seu pensamento mágico garantiu que «o desemprego não é uma inevitabilidade». Certamente por falta de tempo, não se deu ao trabalho de explicar como poderá o país ultrapassar o seu problema mais crítico e persistente - a baixa produtividade -, mantendo a flutuar todas os milhares de empresas inviáveis produzindo bens e serviços não transacionáveis de baixa qualidade e sustentando os respectivos postos de trabalho sem a qualificações necessárias num mercado com concorrência.
A propósito do desemprego, por coincidência, tive ontem uma vez mais um exemplo de que parte, suspeito significativa, do desemprego é composta por quem foge ao trabalho. Um pequeno empreiteiro com quem combinava uns trabalhos de manutenção, queixava-se irritado da dificuldade de encontrar alguém que queira trabalhar – os indiferenciados topa-a-tudo, estão a receber subsídio de desemprego e pedem salários exorbitantes para os compensar das maçadas de trabalhar. Confesso que de uma dúzia de situações de desempregados que conheço pessoalmente nos últimos anos não me recordo de nenhum caso de alguém que procure activamente trabalho aos preços de mercado.
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