Para um país que está ligado ao ventilador da troika há quase dois anos, o sucesso do leilão desta manhã de OT a 10 anos com um yield ponderado abaixo de 5,7% e uma procura mais de 3 vezes superior aos 3 mil milhões colocados, com uma parte significativa de ordens do estrangeiro, tem de considerar-se um passo positivo, a confirmar o que costumo escrever nestas ocasiões: os portugueses andam tão ocupados a queixar-se, indignar-se, revoltar-se e a tentar chutar para o lado e para a frente a factura da festa que acreditam menos nos resultados das políticas de consolidação do que os credores que arriscaram e arriscam o seu dinheiro torrado na festa.
Evidentemente, positivo é o crescendo de credibilidade face aos credores e negativo é o facto de serem mais 3 mil milhões a somar aos mais de 200 mil milhões do stock de dívida pública, mas para os países ligados ao ventilador não há positivo sem negativo, porque não há (ainda?) capacidade de usar a nova dívida para amortizar a dívida antiga.
Mutatis mutandis, os dois parágrafos anteriores foram escritos há 3 meses e meio depois do leilão de OT a 5 anos em Janeiro. Seria um momento de satisfação, não fora este voto de confiança dos investidores, sobretudo baseado na imagem de credibilidade que, reconheça-se, a equipa de Vítor Gaspar tem construído, ser diminuído pela persistente procrastinação do governo em adoptar as reformas indispensáveis, até ao ponto em que legitimamente se tem de duvidar da sua capacidade para a partir de agora as implementar.
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