[Continuação de (1), (2) e (3)]
É possível que a metodologia do estudo do Bundesbank, que concluiu ser o património das famílias alemãs inferior ao das espanholas ou ao das italianas, não seja à prova de bala. Contudo, sendo a percentagem de famílias alemãs com habitação própria cerca de metade das famílias espanholas (e das portuguesas, creio) só esse facto explicaria o património médio das primeiras ser 195 mil euros e o das segundas 286 mil. Isto se estiver em causa o património bruto, como parece, e não o património líquido das dívidas para compra de habitação, porque então o caso muda de figura.
Quando consideramos os dados portugueses aqui referidos e constatamos que os nossos alojamentos têm em média 1,8 ocupantes e, do total de 6 milhões, 735 mil não estão habitados, confirmamos encontrar-se aqui uma das causas da ruína nacional. Foi assim que os portugueses, com um PIB per capital ppc de 60% do alemão, torraram o seu dinheiro nas casinhas e, principalmente, se atolaram em dívida que os bancos portugueses financiaram com dinheiro das poupanças de outros europeus, incluindo os alemães.
O dinheiro torrado nas casinhas excedentárias foi dinheiro que faltou para investir e terá sido claramente superior à Formação Bruta de Capital de 2011. Contribuiu também para a bancarrota a nossa taxa bruta de poupança das famílias em 2007, pouco antes do rebentar da bolha do crédito fácil, ser pouco mais de 1/3 da alemã e 4 pontos percentuais abaixo da média EU27.
[Fontes dos dados citados: Censo 2011 e Eurostat]
Não tenho tempo para ir verificar a metodologia do Bundesnank mas, à partida, diria que o facto de os portugueses (ou os espanhois e italianos) possuirem casa mais frequentemente do que os alemães não deveria alterar as contas pois as casas alugadas pelos alemães certamente pertencem a alguém. Em média, esse efeito deveria desaparecer.
ResponderEliminarMas pode haver critérios de cálculo que invalidem quanto dito acima.
Sr. Agent Provocateur,
ResponderEliminarA oferta de crédito abundante e barato (resultado da adesão ao euro) e uma lei do arrendamento semi-salazarista, geraram uma procura de habitação própria satisfeita pela construção de novas habitações, ela própria também financiada por esse mesmo crédito abundante e barato. Num contexto de estagnação demográfica, disto só poderia resultar um parque habitacional excedentário que está estimado em 735 mil alojamentos, compostos por construção para venda que ninguém compra e por apartamentos para arrendamento que ninguém arrenda. Isso poderá representar uns 40 mil milhões de euros, os quais, investidos em actividades reprodutivas, poderiam significar um acréscimo do PIB de vários milhares de milhão e dezenas de milhares de postos de trabalho permanentes.
(ver também o post http://impertinencias.blogspot.pt/2012/12/caminho-para-insolvencia-o-caminho-fez.html