À inflamada proposta do líder do PS de aumentar o salário mínimo para combater o desemprego, Passos Coelho respondeu durante o debate no parlamento como se estivesse numa conferência de economia e não metido num saco de lacraus, como, nos tempos do PREC, um (e único) deputado da UDP apelidou a instituição. Explicou que «quando um país enfrenta um nível elevado de desemprego a medida mais sensata que se pode tomar é exactamente a oposta, foi isso que a Irlanda fez no início do seu programa…». O que diz a seguir indicia que o governo não irá evidentemente reduzir o salário mínimo, mas estavam feitos os estragos.
Foi apenas necessário Passos Coelho «estupidamente deixar criar um problema que não existia antes», como disse com a demagogia habitual Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de tudo justamente, para se iniciar a ladainha habitual do pessoal político apelando à comiseração dos portugueses, por um lado, e, pelo lado das diversas igrejas da economia, logo se debitaram verdades intemporais e universais a respeito de um tema tão contingente, tão sensível ao tempo, à conjuntura e ao ambiente económico e social, e, já agora, tão sensível ao quantum do salário e do aumento, que a última coisa que pode haver são verdades intemporais e universais.
[Para um ponto de situação do estado da discussão sobre o salário mínimo como medida de política económica ver por exemplo: Minimum human wages, Trickle-up economics, Raise the floor?, The law of demand is a bummer, todos na Economist.]
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