Os ministros da Economia português, espanhol, italiano, francês e alemão juntaram-se para produzir uma carta aberta propondo contrariar a deslocalização das indústrias europeias com a adopção de «um modelo de crescimento forte, diversificado e sustentável, em que a indústria tem um papel fundamental como uma importante fonte de criação de emprego, investimento, inovação e capital humano.»
Na melhor hipótese trata-se de wishful thinking, consignado por exemplo no «estabelecimento de um ambiente adequado para promover o seu sucesso em ambos os mercados interno e externo» . Na pior trata-se de um equívoco comparável ao que levou a subsidiar ora o abandono, ora o fomento de produções agrícolas ou pecuárias, ora o abate de embarcações de pescas, com o belo resultado que se conhece. Por várias e sólidas razões.
Porque uma política intervencionista neste domínio seria uma espécie de plano quinquenal num Comecon ocidental com resultados semelhantes. Como é que «as políticas sectoriais específicas» definidas em Bruxelas por eurocratas que não arriscam um cêntimo nas suas decisões podem ter em conta o dinamismo da produção industrial moderna, a constante inovação nos produtos e nos processos e a mudança dos mercados, antecipar os desenvolvimentos futuros e garantir o sucesso dos investimentos?
Porque na economia moderna os segmentos das indústrias em que ainda dominam os processos tradicionais de produção representam cada vez menos na cadeia de valor acrescentado. Para dar um exemplo cada vez mais banalizado, o valor acrescentado pela indústria chinesa na produção de smartphones representa em média menos de 10% do preço final.
Por isso, senhores ministros, concentrem-se em tomar medidas para aumentar a concorrência e abolir situações de monopólio de facto ou de direito, melhorar as externalidade positivas e reduzir as negativas, aliviando a regulação, a burocracia e todos os outros custos de contexto, em criar condições para facilitar o acesso ao crédito e deixem os empresários investir e gerir os negócios e os trabalhadores trabalhar.
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