27/12/2012

CASE STUDY: Câmara de Lisboa, uma aplicação prática da lei de Parkinson

C. Northcote Parkinson enunciou a lei que leva o seu nome (1) observando vários exemplos, incluindo o do departamento das Colónias do ministério da Marinha, que à medida que a Grã-Bretanha perdia as colónias, uma atrás da outra, os efectivos do departamento aumentavam.

Se Parkinson vivesse em Portugal teria acesso a um vastíssimo campo de observação a começar pela câmara municipal da capital do país. De facto, à medida que a população da cidade vêm diminuindo há meio século a população dos funcionários da câmara vem aumentando a um ritmo ainda mais rápido até atingir hoje 9.956 funcionários ou seja 1 por cada 55 residentes e o dobro de Madrid ou Barcelona, parqueados em cerca de 300 departamentos e divisões. Entre esses funcionários encontram-se (2):
  • 330 arquitectos
  • 101 assistentes sociais
  • 73 psicólogos
  • 104 sociólogos
  • 146 licenciados em marketing
  • 260 engenheiros civis
  • 156 historiadores
  • 303 juristas, cujo serviço se supõe que deve ser dar parecer sobre os pareceres que a CML encomenda a gabinetes de advocacia privados, incluindo um a quem a câmara pagou 75 mil euros por um ano e 10 meses.
Vem a propósito recordar que em 5 dos últimos 23 anos passaram pela presidência da câmara de Lisboa um primeiro-ministro do PSD (Santana Lopes) e o seu homem de confiança (Carmona Rodrigues). Nos restantes 18 passaram por lá um líder do PS e futuro PR (Jorge Sampaio), o filho do fundador do PS (João Soares), e o provável futuro líder do PS (António Costa) e, em consequência, possível próximo primeiro-ministro – possibilidade preocupante tendo em conta a experiência da criatura como dirigente municipal.
(1) Em rigor são duas leis: Lei da Multiplicação dos Subordinados e a Lei da Multiplicação do Trabalho (ver aqui).
(2) Segundo uma informação que recebi por email de um amigo, que parece plausível quando confrontada com o «Mapa de Pessoal do Município de Lisboa». Este mapa proporciona uma leitura muito instrutiva e permite acrescentar àquela lista mais as seguintes especialidades:
  • 170 licenciados em Economia, Gestão e Finanças
  • 30 engenheiros agrários e agrónomos
  • 12 engenheiros químicos
  • 54 técnicos superiores de línguas e literatura
  • 17 médicos veterinários

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