24/12/2012

CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: O caminho fez-se caminhando (2)

[Continuação de (1)]

Segundo o Censo de 2011 Portugal tinha 10.555.853 residentes habitando em 5.879.845 alojamentos à média astronómica de 1,8 ocupantes por alojamento os quais comparam, por exemplo, com os 2,3 de uma França (fonte: INSEE) que com os seus 35.100 euros de PIB per capita (PPC) tem mais 50% de riqueza dos que os nossos 23.400 euros, o que não nos impede do luxo de termos menos 30% de ocupação por alojamento.

É uma casa portuguesa, concerteza
Dos quase 6 milhões de alojamentos cerca de 735 mil não estão habitados. Ou seja 12,5% do total do parque habitacional ou o equivalente a 43,5% dos novos alojamentos construídos nos últimos 10 anos estão às moscas. Sendo a área média por alojamento de 107 m2 (fonte: Inquérito ao Consumo de Energia no Sector Doméstico, INE 2010) os 735 mil alojamentos devolutos terão uma área total de 78,6 milhões de m2 cujo custo de construção, assumindo o valor médio por m2 previsto este ano para cálculo do IMI (482,40 euros), atinge a bela soma de 38 mil milhões de euros.

Dito de outro modo, os tugas endividaram-se aos bancos domésticos que por sua vez se endividaram à estranja numa quantia equivalente a 22% do PIB ou da dívida pública, se preferirem, ou a 123% da Formação Bruta de Capital (considerando em todos os casos os valores de 2011), para construir casinhas onde ninguém habita.

E assim chegámos onde estamos, levados pela nossa inépcia e pastoreados por «elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias

1 comentário:

  1. Moro há 30 anos a 30 kms de Lisboa. Nunca até hoje recebi a visita de alguém do Instituto Nacional de Estatística. Comentando com vizinhos, também nunca estes receberam qualquer visita desses senhores. Só posso afirmar pela amostra que tenho, que essa estatística é uma aldrabice. Mais uma aliás dos serviços públicos deste estado miserável que tenho de sustentar.

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