Uma espécie de continuação dali e daqui.
Agora que a falta de dinheiro parece ter levado o governo a considerar a possível venda de uma parte da Caixa Geral de Depósitos, voltaram a ouvir-se os argumentos contra o «enfraquecimento e/ou desmantelamento de todos os mecanismos de intervenção do Estado na sociedade e na economia» (Nicolau Santos no Expresso).
Mais uma vez, é precisa uma fé à prova da realidade para passar ao lado do desastre súbito que foi o PREC, quando o Estado teve nas mãos todos os mecanismos de intervenção na sociedade e na economia, e do desastre lento que foram as décadas posteriores em que o Estado continuou a dispor de muitos desses mecanismos.
O papel da Caixa na intervenção do Estado na economia tem consistido no financiamento de projectos do regime sem viabilidade e servir de instrumento de influência e controlo dos partidos que estão no poder, servindo interesses de lóbis político-financeiros, como foi o caso do assalto ao Millenium BCP, ou disponibilizando sinecuras a figuras do regime. A coisa foi-se aguentando enquanto o dinheiro abundou. Agora que acabou, vendem-se as jóias e o pechisbeque a preços de saldo e registam-se pela primeira vez em décadas perdas (500 milhões de euros em 2011).
Percebe-se, por isso, o que perderiam os partidos e o complexo político-empresarial socialista se a Caixa fosse gerida com uma lógica empresarial e de mercado. Não se percebe o que perderia o país.
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