27/10/2012

Pro memoria (76) – O arrependido

Durante vários anos em que conviveu com os sucessivos governos e em particular com o de José Sócrates, não se ouviu a José Miguel Júdice um protesto, um queixume, um reparo, sobre a engorda do Estado e os negócios que à sua sombra se fizeram e o inevitável caminho em direcção à insolvência que se percorria. Durante esses anos, a sua sociedade de advogados facturou milhões de euros em pareceres, assessorias, projectos de legislação, etc. a esse Estado e ao círculo de interesses que dele vive.

Pois bem, Júdice acabou de ter uma revelação. Eis um resumo da sua visão após a revelação:
«Um Estado falido tem de tomar medidas de uma empresa falida … o Estado tem de fazer menos no que faz e deixar fazer muito do que faz … Porque é que o Estado tem museus ou teatros, porque é que os inspectores da ASAE têm de chatear as tasquinhas por causa das casas de banho e não se concentram no que é realmente importante, e porque é que qualquer burocrata neste país tem motorista … é necessário retirar do Estado as quantidade de pessoas que está a mais… Quem manda no Governo é quem o pode reeleger, que são os militantes no quadro de oligopólio que vivemos. E estes são sobretudo autarcas, assessores das autarquias e do governo, atuais e passados, quadros da função pública ou de empresas públicos. E esses militantes não querem a reforma». O ministro das Finanças é um «pica-pau que anda a estragar as árvores todas, em vez de destruir apenas dez» e os portugueses «nunca vão ter condições» para pagar a divida o que já se sabe «há muitos anos» que vai acontecer.
É claro que o jornalista da Lusa que recolheu estas assombrosas declarações não se lembrou de lhe perguntar qual a 5.ª dimensão onde teria Júdice andado que não lhe permitiu partilhar connosco «há muitos anos» o que iria acontecer.

LEMA: «Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»

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