Facto: a redução da TSU das empresas por contrapartida do aumento da TSU dos empregados foi amplamente rejeitada por todos os partidos políticos, salvo o PSD, pelos empresários e suas associações, pela generalidade dos economistas, jornalistas e fazedores de opinião e desencadeou uma onda de manifestações por todo o país.
Facto: as medidas alternativas para atingir os défices renegociados com a troika tornadas públicas são todas piores para os propósitos de tornar a economia mais competitiva e reduzir o peso do Estado.
Facto: 10,6% da população portuguesa com mais de 15 anos não tem escolaridade e 25,5% só tem o 1.º ciclo do ensino básico (uma espécie de analfabetismo funcional).
Facto: 64,4% dos empregadores portugueses só tem a escolaridade básica (um número estatisticamente «volátil» não tem escolaridade nenhuma).
Consequência: uma grande parte dos empregadores portugueses poderiam ser classificados como insuficientemente preparados (ignorantes) para gerir um negócio numa economia moderna e competitiva.
Facto: os estudos do antropologista Gert Hoftsede [amplamente citados no (Im)pertinências] mostram que Portugal é um dos países mais femininos da Europa, influenciado pela inveja e o ciúme, obcecado pelos consensos e com aversão à frontalidade, e ao risco, já agora;
Consequências:
1) Uma medida como a alteração da TSU que parece transferir dinheiro dos «pobres» para os «ricos», ainda que uma parte significativa dos «ricos» seja mais pobre do que os «pobres», tem tudo para não ser aceite;
2) Perante uma rejeição ruidosa dos fazedores de opinião com acesso às câmaras de eco dos mídia, as opiniões minoritárias (ou não, ninguém sabe) previsivelmente silenciaram-se.
Facto: António Borges no Fórum Empresarial do Algarve disse «os empresários que se apresentaram contra a medida são completamente ignorantes, não passariam do primeiro ano do meu curso na faculdade».
Consequências:
(1) As afirmações de Borges, desencadearam sem surpresa uma nova onda de indignações, a começar pelos empresários e por todos os outros fazedores de opinião, que culminará com a indignação popular, segundo um processo semelhante ao que leva à violência as multidões islâmicas açuladas por mullahs e ayatollahs a pretexto de supostas blasfémias;
2) António Borges mostrou ser completamente ignorante da cultura songamonga dos portugueses, desconhecer que a política é a arte do possível e que o possível é ditado pelos songamontas e não pelos graduados com MBA; consequentemente não passaria do primeiro ano da universidade de verão do PSD.
ADITAMENTO(S):
A propósito das blasfémias de António Borges e do seu papel no governo, registo, uma vez mais, a criatividade do tele-evangelista professor Louçã, inventor da figura de ministro anexo para Vítor Constâncio e agora da figura de ministro extranumerário para Borges.
Reparei também que Joaquim Couto do Portugal Contemporâneo enfatiza igualmente a cultura feminina do portuga vulgar de lineu como um factor explicativo para a reacção massiva às alterações da TSU. Bem-vindo às minorias politicamente incorrectas.
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