31/03/2012

ESTADO DE SÍTIO: As engrenagens mais pesadas não se lubrificam com vinho e bacalhaus, nem mesmo com robalos

«"Toda a gente pensava que o Freeport estava cheio de dinheiro. Toda da gente queria trabalhar para o Freeport. Estávamos a ser assediados. Todos queriam ganhar dinheiro, Eram sobrinhos de presidentes, primos de ministros e de secretários de Estado. Toda a gente queria trabalhar para o Freeport e tivemos de filtrar muitas situações", relatou o engenheiro civil João Cabral, que trabalhou para a empresa de consultoria Smith & Pedro e que atualmente integra os quadros da Freeport.

João Cabral, cuja inquirição no Tribunal do Barreiro, onde decorre o julgamento, prossegue hoje à tarde, lembrou que "toda a gente pensava que a Freeport estava cheia de dinheiro e que era fácil ganhar dinheiro com a Freeport".

A testemunha, que na altura trabalhava com os arguidos Charles Smith e Manuel Pedro como consultores do empreendimento, confirmou que na noite de 05 de dezembro de 2001 foram chamados de urgência ao escritório de advogados de Albertino Antunes, onde, através do advogado José Gandarez, lhes foi comunicado que o chumbo do projeto Freeport estava iminente e seria conhecido dentro de dias, mas que eles conseguiriam inverter a situação caso os ingleses disponibilizassem dois milhões de libras.

João Cabral relatou que a Smith & Pedro exigiu ao escritório de advogados que fizesse a proposta por escrito para ser enviada aos ingleses, muito embora tenha ficado em "estado de choque" com a sugestão dos advogados, cujo porta-voz foi José Gandarez.

A proposta chegou ao escritório da Smith & Pedro nessa mesma madrugada, mas a verba exigida para garantir a aprovação do projeto baixara para 1,250 milhões, não sabendo a testemunha precisar se eram libras ou escudos.»

[Diário de Notícias]

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