Ó minha Nossa Senhora dai-me pachorra para os discursos que nos querem convencer que a responsabilidade dos gregos (e a nossa) por décadas a viver acima das posses, por uma dívida que não conseguem pagar e pelo calote que irão ferrar aos credores não é deles é do neoliberalismo, das agências de rating, da dona Merkel e da minha prima Vicência.
E que nos querem convencer que a coisa se resolve se os países solventes emprestarem mais dinheiro e assumirem o risco dos insolventes, porque se não assumirem são nazis. Enquanto os gregos incendeiam edifícios históricos, têm salários mínimos de 876 euros, fogem ao fisco como o diabo foge da cruz e se reformam aos 50 e picos em profissões de risco como cabeleireiras.
Nós por cá, por enquanto, só fazemos manifestações que os funcionários do Partido Comunista em comissão de serviço na CGTP estimam ter tido 300 mil índios à razão de 9 índios por metro quadrado.
Se fosse grego ficaria indignado com as pessoas que exoneram a responsabilidade dos gregos como se eles fossem uma chusma de mentecaptos incapazes de perceber as consequências do que fizeram e do que fazem. Não sou grego e já estou como o ministro holandês, Ben Knappen, que se quer certificar de que o dinheiro emprestado pelo seu país aos países insolventes «não é consumido pelas chamas». Também me quero certificar que as poupanças que fiz durante uma vida de 53 anos de trabalho duro para suprir uma parte da insustentabilidade da nossa Segurança Social não são consumidas pela irresponsabilidade da cambada que vive a crédito há décadas.
E por falar em responsabilidades, se consideramos, e justamente, responsáveis os alemães adultos que participaram na demência nazi ou a silenciaram, porque não devemos considerar a insolvência da Grécia da responsabilidade dos gregos inadimplentes?
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