É sem dúvida um mau exemplo, um presidente da República aceitar favores financeiros de apoiantes ou amigos. Foi o caso de Christian Wulff, presidente da Alemanha eleito em 2010, que dois anos antes aceitou um empréstimo da mulher de um empresário para financiar a compra da sua casa a uma taxa de juro anormalmente baixa.
O caso foi tornado público em Dezembro do ano passado e Christian Wulff sentiu-se moralmente obrigado a demitir-se na sexta-feira passada. Foi um bom exemplo.
É quase inevitável a comparação com o caso de Cavaco Silva, presidente da República eleito pela primeira vez em 2005. Cavaco Silva e sua filha compraram em 2001 acções da SLN (holding do BPN) por 1 € que foram vendidas a outros accionistas a preços entre 1,8 e 2,2 €. Essas acções de Cavaco Silva e sua filha foram compradas em 2003 pela SLN com uma mais valia de 140%, por autorização pessoal de Oliveira e Costa, o mesmo que em 2005 faria parte da comissão de honra da primeira candidatura de Cavaco Silva. Estiveram ligados ao BPN ou à SLN ou a ambos, vários nomes de gente que próxima de Cavaco Silva: Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Rui Machete, Miguel Cadilhe, Faria de Oliveira, Abdul Vakil, Joaquim Coimbra, Alberto Figueiredo, Fernando Fantasia. Foi sem dúvida um mau exemplo.
O caso foi tornado público durante a campanha para o segundo mandato. Cavaco Silva fez várias fintas de corpo, assobiou para o lado e não se sentiu obrigado a não se recandidatar. Foi um mau exemplo.
Os alemães e os portugueses reagiram com a maior naturalidade ao primeiro caso e ao segundo caso, respectivamente. É no respectivamente que está a diferença – uma grande diferença.
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