Se há circunstância em que detesto confirmar ter razão é quando prevejo poder acontecer o pior e esse pior acontece mesmo, contra a opinião da muita gente a esperar os amanhãs que cantam e assobiar para o lado.
É o caso de ter antecipado, já lá vão quase 20 anos, como aqui contei, a insustentabilidade a longo prazo do esquema de Ponzi da segurança social para manter o valor real das pensões previstas no momento da reforma. Não tenho nenhum mérito especial. Era perfeitamente previsível face ao comportamento futuro provável das grandes variáveis demográficas (aumento da esperança de vida, redução dramática da taxa de fertilidade), laborais (entrada cada vez mais tardia para o mercado de trabalho, desemprego crescente e generalização das antecipação das reformas) e económicas (défices gémeos persistentes durante décadas nas contas públicas e no comércio externo). Mais cedo do que tarde, a pesada factura chegaria.
Resultado, segundo contas de merceeiro, no que me diz respeito: desde o momento da fixação da minha reforma antecipada em 2002 (e devidamente penalizada pela antecipação, apesar de 43 anos de contribuições!) até agora perdi em termos reais 14% do poder de compra e no próximo ano terei perdido um quarto.
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