29/11/2011

Continuando a falar no cavaquismo...

… ainda não vi em lado nenhum a «violência verbal incontida que jorra logo por todo o lado, quando aparece qualquer dissenso, qualquer objecção e dúvida» descrita por Pacheco Pereira. E se «o Presidente da República já provou desse cálice de fel» não deve ter sido por «qualquer objecção e dúvida». Pelo menos por estes lados, Cavaco Silva foi simplesmente confrontado com o contraste entre silêncio cúmplice durante 6 anos, face ao afundamento do país, e a verborreia opinativa em declarações falsamente espontâneas aos jornalistas e, ridículo dos ridículos, na sua prosa no Twitter, onde ensaia gorjeios e nos expõe os estados de alma, objecções e dúvidas que nunca teve durante o reinado de José Sócrates. Precisamente agora, quando se tomam algumas medidas, mesmo sem ideia estruturante e concepção de estado e sociedade, e está em marcha alguma coisa para emagrecer o monstro que ele próprio criou com desvelo. É agora assaltado por objecções e dúvidas? Tende piedade!

E tende piedade também, ao menos neste contexto de pré-falência, com tiradas de demagogia sonsa como «Passos Coelho retirou 25% do poder de compra a centenas de milhares de portugueses, que estão longe de ser mais do que remediados, na melhor das hipóteses, e não teve para com eles uma palavra sequer.» 25% do poder de compra? E eu a pensar de 2/14 do rendimento bruto eram menos de 15% e ainda menos do rendimento líquido. Remediados? Terá Pacheco Pereira noção do que seja um reformado remediado neste país, onde 4 em cada 5 reformados têm pensões inferiores a 600 euros e por isso não terão cortes na versão ontem aprovada no parlamento?

Se não for pedir muito, tende também piedade com a retórica, dirigida a atrasados mentais, do «quarteto maldito» dos «serventuários do poder».

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