26/11/2011

ARTIGO DEFUNTO: O jornalismo de causas tenta passar no teste de matemática elementar?

Não fiz as contas e não sei se Portugal irá pagar 34,4 mil milhões de euros de juros ao FMI/BCE/FEEF. O que sei é que os termos destes empréstimos são consideravelmente mais favoráveis do que os disponíveis nos mercados de dívida pública – se eles estivessem disponíveis para nos emprestar nos montantes e com as maturidades de que precisamos. Este «se» é evidentemente retórico porque toda a gente tem obrigação de saber nesta altura que não estão disponíveis.

Se Portugal pagar juros de 34,4 mil milhões de euros, é em resultado das taxas e dos montantes negociados há meses e publicamente conhecidos. Assim, quando se vêem plantados nos mídia títulos como «Portugal vai pagar €34.400 milhões de juros à troika» como se isto fosse uma notícia, isso só pode significar duas coisas:
  • O jornalismo de causas está a tentar demonstrar que sabe fazer contas;
  • O jornalismo de causas escreveu esse título porque não tem coragem de assumir a alucinação da esquerdalhada e escrever «os juros cobrados são usura» (bloquistas) ou «a ajuda da "troika" é um negócio» (comunistas).
Por falar em usura e negócio, a taxa de juros de mora para dívidas ao Estado e entidades públicas a pagar pelos sujeitos passivos é este ano 6,351%.

Alguns exemplos do «Portugal vai pagar €34.400 milhões de juros à troika»: Lusa, Público, Expresso, Correio da Manhã, Rádio Renascença, TSF, A Bola, Visão, RTP.

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