22/09/2011

As causas da crise segundo Teresa Ter-Minassian


Teresa Ter-Minassian chefiou a missão que acompanhou a intervenção do FMI em 1983 e conhece muito bem a economia e os problemas portugueses. Na conferência na Ordem dos Economistas do dia 13 Ter-Minassian descreveu as causas da crise portuguesa aqui muito bem sintetizadas por Tavares Moreira:

«1ª - Défices orçamentais excessivos originados por um forte aumento do consumo público. O défice primário estrutural (excluindo a componente cíclica e medidas temporárias) subiu em mais de 5.5 pontos percentuais em relação ao PIB entre 2008 e 2010.

2ª - Distorções no sistema tributário

3ª - Inadequados controles da execução dos orçamentos, resultando em sistemáticos excessos dos défices realizados sobre os valores orçados

4ª - Forte crescimento da dívida pública

5ª- Acumulação de responsabilidades publicas contingentes, relacionadas com o desempenho de entidades públicas autónomas, regiões e autarquias locais, e empresas públicas

6ª- Acumulação também de responsabilidades futuras associadas com as PPPs

7ª- Forte aumento da alavancagem e exposição a riscos de crédito dos bancos

8ª- Falta de diversificação das exportações, deixando-as vulneráveis a concorrência dos países emergentes com baixos custos

9ª- Rigidez no mercado laboral e falhas no sistema educativo, dificultando o crescimento da produtividade

10ª - Limitada inovação tecnológica, em parte reflectindo a atitude pouco favorável a investimento estrangeiro directo em sectores considerados estratégicos

11ª - Falta de concorrência em sectores importantes, especialmente de bens não transaccionáveis; dificuldades na gestão empresarial, devidos a excessiva burocracia e a falhas no sistema judiciário.»

Tavares Moreira estranha o silêncio dos mídia, silêncio na verdade compreensível. Afinal Ter-Minassian não referiu a crise mundial (Portugal e a Grécia são as únicas economias europeias em recessão segundo as previsões de Outono do FMI), a economia de casino, a conspiração das agências de rating, a falta de solidariedade da Sr.ª Merkel, e todo o rosário de ficções que o jornalismo de causas adoptou como vulgata para escamotear as causas específicas da crise portuguesa.

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