O secretário de Estado do Orçamento diz que se «confirma o controlo das despesas públicas» até Novembro. Segundo ele, o milagre justifica-se com o crescimento de 5% das receitas fiscais (os sujeitos passivos também confirmam) e com o aumento de «apenas» (apenas?) 2,6% das despesas. Note-se que o «apenas» resulta de redução de 16% do investimento público e de redução de 2,3% dos juros da dívida (quanto a este segundo milagre, veja-se este post). Quanto ao que interessa mais, as despesas correntes primárias aumentaram 5% - chamar a isto consolidação orçamental é a piada mais cínica do ano.
O Diário Económico resume a coisa no título: «Défice orçamental cai pela primeira vez este ano». Ora a coisa extraordinária não é o défice cair. As coisas extraordinárias são: (1) as únicas despesas que dependem só do governo aumentaram 5%; (2) a manipulação na contabilização dos juros da dívida e (3) a desconsideração na despesa contabilizada de vários milhares de milhões de euros de facturas por pagar às farmácias, aos empreiteiros e a outros fornecedores do Estado.
Depois admiram-se da Moody’s ter avisado que pode cortar dois níveis no rating de Portugal.
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