Já aqui e aqui se abordou esta temática e se concluiu que as diferenças não nos são de todo favoráveis, com excepção da grave situação de descapitalização dos bancos irlandeses.
Uma das vantagens identificadas da Irlanda relativamente a Portugal foi o défice do comércio externo que nos últimos anos tem sido sempre inferior ao português. Foi um défice, mas já não é. Este ano está previsto um superavit equivalente a 20% do PIB contra o nosso défice próximo dos 10%, mais coisa menos coisa. É claro que sempre se pode dizer, e é verdade, ser o superavit do comércio externo irlandês conseguido à custa duma taxa de imposto sobre os lucros de 12,5%, atractiva para as multinacionais cujas subsidiárias exportam a partir da Irlanda. Para tirarem vantagem dessa taxa, essas multinacionais adoptam uma alocação de custos de forma a maximizarem os lucros dessas subsidiárias, os quais irão ser repatriados deteriorando a balança corrente - no caso irlandês tem apresentado sistematicamente défice.
Sempre se pode dizer isso, mas não se pode escamotear um benefício líquido que resulta do valor da mão-de-obra irlandesa incorporado nessas exportações. Oxalá Portugal pudesse trocar um défice na balança corrente (que aliás já existe) por um superavit na balança comercial (que aliás nunca existiu).
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