01/11/2010

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Política energética hiperventilada

Secção Universos paralelos

O ministro da Economia afirmou na conferência da associação das energias renováveis que «não poderemos dar uma resposta sólida e sustentável ao problema do endividamento da nossa economia que não passe pela resolução do défice da nossa balança de produtos energéticos.» Para tal, será necessário «o reforço da produção energética de matriz renovável».

Imaginemos por um momento que Portugal deixava de importar combustíveis reduzindo em consequência, segundo os seus cálculos, o défice da balança comercial entre 2,5% e 5% do PIB e que, por um qualquer milagre, seria tecnicamente possível substituí-los por energias renováveis. Admitindo que esse incremento seria conseguido à custa da energia eólica, imagine-se o que seria o governo subsidiar o custo do kW/h num valor duplo do preço da energia eléctrica convencional, como o faz actualmente, para produzir uma quantidade suficiente para substituir os 40% de energia eléctrica com origem em gás natural e carvão e, já agora, para produzir a energia eléctrica adicional para carregar as baterias dos veículos eléctricos que, entretanto por qualquer outro milagre, substituiriam os veículos com motor convencional.

Se o ministro Vieira da Silva quer mesmo utilizar a política energética para reduzir o endividamento seria melhor propor a substituição das energias renováveis fortemente subsidiadas por energias de fontes convencionais. Por se arriscar a matar a saudade que nos vem moendo do seu antecessor Manuel Pinho, leva o ministro cinco chateaubriands por este refinado exercício de hiperventilação.

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