«O FMI revela que, entre o final de 2008 e o início de 2009, entre os países europeus que mais poderiam colocar em risco a retoma económica figuravam os nomes da Áustria, Irlanda, Itália e Holanda. Uma selecção que derivava em grande parte da exposição que o seu sector financeiro apresentava em relação aos países de Leste. Face ao apoio que tiveram de dar para limpar o seu sistema bancário, seria de esperar que fossem estes países a apresentar os maiores desequilíbrios das contas públicas, designadamente ao nível do endividamento. Mas não foi isso que aconteceu. É verdade que foi em muitos destes países que a dívida pública mais aumentou entre 2007 e 2010, segundo as previsões da Comissão Europeia, mas é na Grécia, Itália e Portugal que se encontram os maiores níveis de endividamento público em 2010. Ora, segundo o FMI, hoje, Grécia, Portugal, Espanha e Itália são precisamente os países que mais ameaçam a zona euro, não por qualquer exposição da banca a regiões de maior risco, mas porque os seus Estados apresentam grandes desequilíbrios orçamentais e elevados níveis de dívida pública, sendo eles próprios o principal factor de risco.
O que o FMI vem, assim, mostrar é apenas um exemplo daquilo que muitos economistas já repetiram à exaustão. Quem tinha as contas públicas em ordem antes da actual crise conseguiu passar por ela de forma muito mais fácil, podendo, inclusive, ajudar mais a sua economia do que os países que não fizeram o trabalho de casa. Portugal, infelizmente, está no grupo destes últimos. E é também por isso que hoje, por mais que os membros do Governo ou o Presidente da República gritem que Portugal não é a Grécia ou que não estamos na bancarrota que os mercados teimam em nos colar aos gregos.»
[A diferença de quem fez os trabalhos de casa, Vítor Costa no DE]
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