05/04/2010

Mitos (2) - Vítor Constâncio não tem jeito para a supervisão mas é um génio das finanças públicas

Para os emigrados, como para os desaparecidos, os portugueses tendem a ser bastante benévolos, esquecendo todas as malfeitorias e promovendo-os ao panteão. Vítor Constâncio, o ainda ministro anexo a caminho da vice-presidência do BCE, não é excepção. Contudo, depois dos episódios Millenium bcp, BPN e BPP, até um novo situacionista tem dificuldade defendê-lo publicamente no que respeita ao seu papel de supervisor mor do reino. Em contrapartida, continuam a jurar que o homem é um génio das finanças públicas.

Reconheça-se que, à primeira vista, teríamos que concordar, considerando que a criatura estimou, nove meses antes do final de 2005, o défice as if desse ano com um rigor difícil de alcançar até no campo das ciências exactas: 6,83% (seis vírgula oitenta e três por cento). O if era, como se sabe, manter-se o orçamento e a execução da responsabilidade do governo de Santana Lopes. Lamentavelmente para a candidatura ao lugar no panteão, esta conclusão fica bastante comprometida pelo facto de durante longos 14 meses, entre Dezembro de 2008 e Janeiro de 2010, o putativo génio não ter sido capaz de descortinar que os sucessivos défices estimados, desde o primeiro (2,2% no OE), ao penúltimo (8,7% já em Janeiro deste ano), estavam a léguas do défice final (9,3%).

Por tudo isto, confirma-se que Vítor Constâncio não tem jeito para a supervisão e, das duas uma, ou não é um génio das finanças públicas ou, sendo-o, não tem um pingo de deontologia profissional o que, num país normal, deveria ser suficiente para que não pudesse ser considerado um génio das finanças públicas.

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