07/02/2010

A qualidade dos drunfos deixa muito a desejar

Tenho um amigo, uma criatura sobredotada, professor de engenharia, com uma vasta cultura, que, não obstante não ganhar nada com isso, é o que poderia chamar um prosélito de José Sócrates. Não me perguntem porquê. Nunca consegui perceber e ainda menos explicar. Até há pouco tempo esse amigo explicava as cada vez mais evidentes falhas de carácter, que ele abominaria noutros políticos, pelas «campanhas negras». Nos seus momentos de maior lucidez, quando confrontado com situações por demais evidentes, esse meu amigo costuma desculpá-lo explicando que as pressões que ele e a sua corte têm de enfrentar só se suportam à custa de drunfos.

Vem isto a propósito, em geral, das últimas semanas de desvario deste governo e, em particular, da afirmação do ministro das Finanças Teixeira dos Santos que o país está a ser vítima do «espírito animalesco dos mercados», a propósito do que ele parece ver como uma conspiração do comissário Almunia conluiado com as agências de rating. Vindo esta anedota involuntária de um professor de economia, admirador (por equívoco, creio eu) de Keynes, referir-se aos «animal spirits» dessa maneira e a esse propósito, se a tese justificativa do meu amigo estiver correcta, leva-me a concluir que a qualidade dos drunfos deixa muito a desejar.

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