À medida que os ratos mais afoitos ou com maior premonição abandonam o navio Sócrates, vamos percebendo a gigantesca dimensão do iceberg central de manipulação. O último rato a escapar foi o economista Carlos Santos que, tendo colaborado com o socratismo no período eleitoral, resolveu denunciar a «promiscuidade» entre o aparelho socrático e o aparelho de estado.
Não sendo propriamente uma novidade a osmose entre aqueles aparelhos, não deixa de ser profundamente significativo o critério de normalidade destes apparatchiks que o socratismo recrutou. Um deles, para justificar a impossível distinção entre os dois aparelhos e os papéis duplos que esses apparatchiks neles desempenham, explicou que «todos os bloggers sabem que quando alguém precisa de escrever um texto é normal pedir ajuda a pessoas conhecidas que sejam especialistas em determinadas matérias». Não explicou, contudo, que sob a designação de «especialistas» inclui secretários de estado, chefes de gabinetes e assessores de ministros pagos pelo dinheiro extorquido aos «sujeitos passivos» usando tempo e meios técnicos igualmente pagos pelos mesmos. Que isto seja considerado normal, mostra até que ponto a deriva socrática converteu um partido que ainda se considera democrático num aparelho leninista de assalto e manutenção do poder ao serviço duma clique.
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