14/02/2010

Alguém pode explicar-me

Porquê, perante um governo liderado por um primeiro-ministro com um estilo visivelmente autocrático, os inquiridos no barómetro da Eurosondagem dão ao governo um saldo de -17,3%, entre apreciações positivas e negativas, só superado pelos juízes com -19,2%, e atribuem ao primeiro-ministro um saldo positivo de 6,0%? Um primeiro-ministro que escolheu os ministros, os seus ajudantes, que lhe vêm comer à mão, que não manifestam o mais tímido assomo de independência, um primeiro-ministro que define todas as políticas sectoriais, um político que está embaraçado há anos em múltiplas trapalhadas, que vão desde o início da sua carreira até às estórias da Face Oculta, passando, pela compra da casa, da obtenção da licenciatura, dos casos Cova da Beira, Freeport e o mais que se há-de ver.

Será o ressuscitar daquele sentimento próprio dum povo medroso, sempre pronto a pôr-se debaixo da asa protectora do Estado Novo, que no passado levava os portugueses a desculpar o Botas, explicando que era o governo, era a União Nacional, era a Legião, era a Pide, e que ele Botas, coitadinho, não sabia de nada, não tinha culpa e só queria o nosso bem? Se for assim, só temos que substituir o Estado Novo pelo Estado Social, a União Nacional pelo Partido Socialista, a Legião pelas Juventudes Socialistas, e o Botas pelo Socras, ficando de fora, por agora, a Pide, porque os secretas estão organizar-se e ainda não têm acesso aos dados do fisco.

Quem souber a resposta, favor informar para a caixa do correio do (Im)pertinências. Obrigado.

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