Durante os séculos que durou a aventura dos descobrimentos, os portugueses com mais iniciativa e gosto pelo risco foram-se espalhando por esse mundo. Já no século passado tivemos 3 grandes fluxos migratórios para o Brasil entre as guerras, e no pós-guerra para a Europa (França, Alemanha e Luxemburgo) e para a África (Angola e Moçambique). Saíram os incomodados, quase todos pobres, mas inquietos, ficaram os acomodados.
Que esta anti-selecção contribuiu para o colectivismo, a falta de iniciativa e de gosto pelo risco e a dependência do Estado, endémicos em Portugal, não restam dúvidas. Só não se sabe até que ponto.
Já neste século, segundo um estudo de Helena Rato, do Instituto Nacional de Administração, aqui citado, por cada 15 imigrantes (provenientes do Brasil, de África e do Leste europeu) saem 100 portugueses. Que portugueses são estes? Ninguém sabe ao certo. Provavelmente uma parte significativa, muito mais significativa do que no passado, é gente com talento, qualificada e com iniciativa que vota com os pés contra a falta de oportunidades, a escassa mobilidade social, os incentivos errados, tudo perpetuado por elites corporativas gravitando à volta do Estado.
Consequência: à baixa histórica do stock de iniciativa e gosto pelo risco estamos a acrescentar a baixa do stock de talento. Quereis saber como serão as elites do futuro? Olhai para os políticos do presente.
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