Dos comunistas se pode dizer o que Napoleão Bonaparte no seu regresso da ilha de Elba terá dito dos Bourbons que entretanto tinham voltado a reinar em França: ils n'ont rien oublié ni rien appris. Os nossos bourbons reinaram episodicamente pouco mais de um ano, o suficiente deixaram uma herança que dura há mais de 3 décadas e que, por grande azar seu, tem aproveitado sobretudo aos partidos do poder para colocar o seu pessoal nas empresas públicas sobreviventes e no mastodôntico aparelho de estado cujas bases os nossos bourbons lançaram.
Ainda hoje a memória do PREC impregna os nossos bourbons, como nos mostra o seu secretário-geral na sua «inquietação profunda» com a eventual privatização da TAP anunciada no plano de recuperação que vai ser apresentado ao governo por um qualquer comité. Vem a propósito confessar-vos que aposto que a divulgação da eventual privatização não passa de mais uma manobra da central de manipulação do nosso querido líder com vista a olear os neurónios da negociação nas emperradas mentes dos pilotos, ameaçando-os com o pau da privatização que eles devem odiar mais do que o camarada secretário-geral.
Os argumentos de Jerónimo de Sousa contra a privatização estão à altura dos argumentos dos pilotos para a «reposição do poder aquisitivo»: empresa de «referência à escala internacional» (terá JS algum dia falado com passageiros da TAP?), «perde a economia nacional» (é difícil a economia nacional perder mais do que com uma empresa que vive há anos em estado de irremediável falência) e «perdem os trabalhadores» (aqui temos que lhe dar razão – muitos trabalhadores da TAP só têm a perder direitos adquiridos e é por isso é que os clientes da TAP têm tudo a ganhar).
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