16/06/2009

A tecnologia como ersatz de soluções políticas

Um dos segmentos determinantes do ADN do governo de José Sócrates é a crença nos poderes miraculosos da tecnologia. Ele é o Magalhães para substituir os saberes fundamentais que o ensino básico deveria proporcionar, elas são as redes de alta velocidade para cobrir os desertos sociais e económicos do interior troglodítico, para só citar duas das bandeiras constantemente agitadas pela máquina de propaganda do governo.

Alguns dos exemplos dos últimos dias, como sempre propagados pelas câmaras de eco do jornalismo de causas, são particularmente ridículos. É o caso das declarações do «secretário-geral da UIT (que) acredita que a aposta na fibra vai colocar o país na vanguarda tecnológica», como se a fibra óptica dos finais do século passado não fosse o fio de cobre dos anos 30. Como é o caso da «Paisagem Cultural de Sintra (que) estará ainda este mês totalmente servida por redes de fibra que vão permitir a ligação entre os vários locais classificados pela UNESCO como Património da Humanidade», como se isso acrescentasse algum valor a um visitante do Palácio da Pena, do Castelo dos Mouros, o Palácio de Monserrate ou do Convento dos Capuchos, ou se contribuísse para recompor o estado de degradação em que se encontra a maioria dos monumentos nacionais.

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