Durante décadas, nomeadamente durante todo o mandato de Alan Greenspan, e até hoje, a Reserva Federal americana respeitou o dogma de que não deveria usar a política monetária para rebentar as bolhas imobiliárias. A par de várias outras asneiras, como seja manter as taxas de juro artificialmente baixas numa conjuntura de enorme liquidez, o respeito pelo dogma foi um dos factores que paralisou o Fed durante uma década de «irracionalidade exuberante» no mercado imobiliário.
Recentemente, Janet Yellen, presidente da Reserva Federal de S. Francisco, pôs em causa o dogma, preconizando o aumento das taxas quando o mercado imobiliário aquece, nomeadamente num quadro de crédito fácil resultante do excesso de liquidez. Foi pena não ter cometido a heresia há 2 anos e tentar então convencer o velho Greenspan a mudar a agulha do comboio descarrilado que levou à crise em curso.
Em linha com estas iluminações tardias, Eric Rosengren, presidente do Fed de Boston, reconheceu que os reguladores estavam a dormir em relação aos «perigos da evaporação de liquidez» subsequente ao crash. Tarde demais para esta crise. Pode ser que a coisa pegue no futuro, o que pode tornar os reguladores americanos homólogos dos generais franceses sempre preparados para a última guerra – recordemos a linha Maginot laboriosamente construída no intervalo das duas guerra mundiais que os alemães tornearam em poucos dias com as suas divisões Panzer.
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