Depois de João Rendeiro, chegou a vez de Dias Loureiro. Beneficiário do estatuto difuso de sacerdote do cavaquismo e do carinho complacente de diversas camadas dirigentes do PS, bastantemente retribuído com o lip service prestado a Sócrates, a metade das declarações de Oliveira e Costa que lhe foram dedicadas acabou com o estado de graça, já bastante abalado desde que começou a ser confrontado com contradições no caso BPN. E, contudo, verdadeiramente nada de novo se veio a saber que não se soubesse já, para não falar do que se sabe e só mais lá para frente se falará, quando o homem já estiver completamente atolado na desonra (de que ele é único responsável, diga-se).
Acabaram as entrevistas reverenciais e as referências laudatórias. Até as mais pungentes meias verdades ou meias mentiras, prudentemente omitidas até agora, começam a ser badaladas. Só para citar uma ridícula: afinal o homem não jogou golfe com Clinton, limitou-se a pisar o mesmo green.
Mais do que revelar aspectos escondidos do carácter de Dias Loureiro, as notícias e os comentários saídos da clandestinidade da falta de coluna vertebral revelam principalmente aspectos públicos do carácter dos portugueses em geral e das classes jornalísticas e políticas em particular, que só batem em moribundos anunciados. Compare-se com os temores e as reverências que merecem às mesmas classes, com honrosas excepções, as trapalhadas de Sócrates (Dias Loureiro ao pé dele devia ser beatificado).
Uma inveja mal disfarçada do filho do merceeiro de Aguiar da Beira, que com muita iniciativa, algum talento e muito contorcionismo ético, chegou onde a maioria dos representantes da classe do esperma feliz, com igual contorcionismo ético, mas sem um módico de iniciativa e talento, não chega. É o que é.
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