Se há especialidade em que os políticos russos são mestres é a reescrita da história. Foram mais de 70 anos em que cada nova camada de autocratas, ajeitou os factos e apagou das fotos e dos livros a presença da anterior. Não deixa por isso de ser curioso que o «presidente» Dmitry Medvedev, procurador do czar Vladimir, tenha criado uma Comissão de História para investigar e combater a falsificação da história. Todas as falsificações da história? Não necessariamente. Apenas as que prejudiquem o «prestígio internacional da Rússia».
Considerando o passado (e o presente) do czar Vladimir, com a sua experiência no KGB e posteriormente no seu sucessor FSB, podemos equiparar esta medida à criação de uma comissão de ética pela Camorra.
A criação da Comissão de História segue-se a uma monumental parada na Praça Vermelha a 9 de Maio a pretexto da comemoração do fim da 2.ª guerra na Europa. Nove mil soldados desfilaram e tanques, lança-foguetes, mísseis balísticos, jactos e helicópteros foram exibidos para mostrar ao mundo o músculo militar da Rússia. As almas penadas de Estaline, Andropov e Brejnev que vagueiam pelos corredores do Kremlin rejubilaram .
A história expulsa pela porta principal regressa pelas traseiras.
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