20/04/2009

CASE STUDY: To be born as a gentleman is an accident. To die as a gentleman is an achievement. (1)

Está desde há muito bem estabelecido que os filhos dos pobres têm uma elevada probabilidade de serem igualmente pobres. Faltava perceber porquê.

O estudo de Martha Farah (ver aqui um resumo), publicado há alguns anos, permitiu compreender os mecanismos neurológicos que afectam sobretudo a memória e explicam o menor desempenho dos filhos das classes baixas. Recentemente o estudo de Gary Evans e Michelle Schamberg (citado aqui e aqui) permitiu compreender esses mecanismos movidos pelas causas relacionadas com o stress quotidiano associado às posições sociais baixas.

Enquanto os filhos dos ricos herdam um património, os filhos dos pobres herdam um handicap. Aqui no nosso país talvez devêssemos chamar-lhes direitos adquiridos hereditariamente. Igualdade de oportunidades nestas circunstâncias é uma pura falácia. Se o colectivismo tem uma "solução" (a ditadura do proletariado, a economia de direcção central, o estado social, o estado assistencialista, etc., conforme a corrente), qual é a solução do liberalismo? Serão os mercados? Ou talvez, antes disso, será esta desigualdade de oportunidades um problema para o qual se deva procurar solução?

Devemos procurar solução por duas ordens de razões. Uma moral e outra utilitária. A razão moral não tenho tempo para explicar – nem precisa de grandes explicações. A razão utilitária é que, mesmo admitindo que os pobres são pobres porque o seu património genético é pobre e isso explica, dizem os especialistas, cerca de metade do desempenho (deve ter sido o consenso possível na polémica secular nature versus nurture), a genética não é determinística (graças a Deus, digo eu, que sou agnóstico). Que não é determinística é fácil de comprovar: basta ver a quantidade de idiotas que tiveram a sorte de nascer no sítio certo e não conseguem um módico de realização durante as suas merdosas vidas e os filhos de pobres que apesar disso conseguem desempenhos notáveis.

Não sendo a genética determinística, valerá a pena o estado fazer alguma coisa para proporcionar oportunidades aos filhos dos pobres, ou pelo menos aos melhores entre eles?

(Continua, talvez)

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