Ainda ontem aqui confessava não saber se precisamos dos polícias que Paulo Portas defende que precisamos, mas estava seguro que precisamos de contabilistas. Devo estar a ficar parecido com o doutor Cavaco que quando primeiro-ministro confessava nunca ter dúvidas e raramente se enganar - o meu caso é, talvez mais, raramente ter dúvidas e nunca me enganar.
Esclarecida esta questão epistemológica, é altura de apresentar mais uma consequência da falta que nos fazem bons contabilistas. Defende a FEPICOP – Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas que o governo deve 1,9 mil milhões de euros aos seus associados. Contrapõe o governo pela boca do secretário de estado do Tesouro que são apenas 80 milhões de euros. Um dos dois mente, ou, mais provavelmente, ambos mentem.
Enquanto não dão à costa os contabilistas para apurar os números reais, sugiro que, em termos relativos, se dê mais crédito ao construtores cuja profissão os obriga, por vezes, a mentir em detrimento dos políticos cuja profissão os obriga, por vezes, a dizer a verdade.
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