20/01/2009

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Se eu tivesse lido a professora doutora também acharia que mija-cóltura.

Eu devia estar a escrever sobre a inauguração do Cristo Redentor, mas não estou. Não estou, primeiro porque só por excepção escrevo sobre coisas que aprovo ou criaturas que aprecio e, a verdade, confesso, é que, quanto mais os obamófilos ficam desiludidos (e ainda só agora estão a começar), mais aprecio o doutor Barack. Segundo, é que senti um impulso irreprimível ao ler este post do maradona que, não tarda, ele apagará, como é seu mau costume.

O impulso irreprimível foi gerado pela leitura do post linkado da professora doutora Bragança Buchholz, como lhe chama o maradona, que é um paradigma do produto das meninges das criaturas de quem se convencionou chamar intelectuais, quando tratam de fenómenos que não entendem (quase todos). É o nosso fado. Oitenta por cento (deve ser mais, mas digo oitenta por causa do Paretto) dos patrícios ou são analfabetos ou são intelectuais. E, para estes, os que não vivem na mesma caverna de Platão onde habitam são analfabetos em graus diversos.

Só para a estória, vou citar a maradona antes que ele apague o post (milagrosamente este trecho quase não tem os erros ortográficos e o vernáculo que o homem costuma semear com evidente prazer e o maior dos diletantismos).

«Na Madeira, um miúdo de 12 anos, com pai alcoolico e tal, mãe não sei a fazer o quê e irmãos por onde se imagina, aposta tudo no futebol e chega a melhor do mundo talvez na única abertura que a vida lhe deu, mas parece que, para a sensibilidade caga cesare paveses da professora doutora Sofia Bragança Buchholz, aos 23 anos Cristiano Ronaldo também tem que demonstrar um "raciocinio claro" numa entrevista na televisão com a Judite de Sousa em horário nobre, o mesmo local e a mesma entrevistadora onde os primeiros-ministros se explicam à nação antes das eleições. Não é a Judite de Sousa que tem que pensar quem é que convida ou não para aquele espaço, ou, se queria mesmo muito falar com o Cristiano Ronaldo, não é a Judite de Sousa que teria que imaginar o ambiente que melhor se adequaria ao entrevistado. Não, o Cristiano Ronaldo é que teria que dizer ao filho da puta que congemina a programação da RTP que se calhar era melhor fazerem uma entrevista onde se falasse de futebol, talvez até com pessoas que percebam alguma coisa do único universo que o convidado conhece. Cristiano Ronaldo, que traçou um caminho em idade que a menina Sofia Bragança Buchholz se calhar ainda nem pintava, e que desde aí nunca se distraiu um milímetro que fosse para longe da perfeição, teria que, a acrescer a isso, chegar aos 23 anos e também apresentar um, a passo a citar, "mínimo de eloquência", isto para que a frustração mija-cultura uns quantos energúmenos não tenham "pena do rapaz".»

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