A semana passada o Sol escreveu «o presidente da República (iria) levantar objecções ao orçamento de estado». Seria isto uma notícia? Só se o doutor Cavaco ou um porta-voz autorizado tivesse confidenciado ao jornalista a sua intenção. Como não parece ter sido o caso, das duas, uma: ou o Sol se deitou a adivinhar espreitando o córtex pré-frontal do presidente ou o Sol teve acesso à informação por vias não autorizadas. Por exemplo, o jornalista soube pela prima da empregada de limpeza de Belém que ouviu o doutor Cavaco gritar no seu gabinete «vou-me a eles».
Em qualquer dos casos, a coisa seria opinião sob a forma de adivinhação. Seria. Seria para uma criatura comum, mas não para o Sol que no seu mea culpa desta semana lhe chama «antecipação das notícias». Que esta actividade délfica, na melhor hipótese, ou ficcional, na pior, seja confundida com notícia dá a medida do grau de desconserto a que chegaram os jornais.
Sem comentários:
Enviar um comentário