A não perder a análise de Martin Wolf (antigo jornalista do FT e autor de «Why Globalization Works») no DE.
«A aparente eliminação do risco cambial não eliminou o risco propriamente dito. Na zona euro, por exemplo, a inflação e os riscos cambiais acabaram por se transformar em riscos de crédito. Assim sendo, impõe-se perguntar: o que determina o risco do crédito público? A tradicional abordagem europeia focaliza-se apenas nos défices orçamentais visíveis e na dívida. Ou seja, faz uma leitura extremamente limitada não só porque ignora a dívida pública contingente, mas porque acima de tudo ignora o balanço nacional e, consequentemente, os estreitos laços que existem entre os balanços do sector público e privado. Acresce que também ignora a balança de pagamentos. Muitas vezes se diz que a balança de transacções correntes não é relevante numa união monetária. Verdade, uma vez que não pode ocorrer uma crise cambial. Mas também é falso porque se pode verificar uma crise de crédito.
De entre os membros da zona euro que hoje apresentam elevados défices financeiros na balança de transacções correntes e no sector privado contam-se Portugal e a Grécia, cujo sector público, a par de Itália e Bélgica, apresenta um dos mais elevados níveis de endividamento. Os seis países aqui invocados são, pois, os mais vulneráveis, com particular destaque para a Grécia.»
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