«E, embora as novas tecnologias do Magalhães não sejam tão novas quanto isso (um novo programa, o Vista, já está há muito tempo no mercado), o preço barato justifica o empenho governamental» escreve-se no Cocktail do caderno principal do SOL deste fim de semana.
O Windows Vista é o sistema operativo da Microsoft sucessor do Windows XP, instalado pelos fabricantes em mas de 90% dos desktops, laptops, tablets, etc., desde o princípio de 2007. O Windows Vista tem alguma relação especial com o Classmate PC (baptizado Magalhães pelo governo)? Será por causa disso que o Magalhães não tem nada de inovador?
Em conclusão, o arquitecto Saraiva devia oferecer aos jornalistas do SOL um Magalhães para os ajudar a ultrapassar a info-exclusão.
No mesmo caderno do SOL dedica-se numa página inteira a um outro grande problema nacional: os suicídios nas forças de seguranças. A simples leitura do quadro inserido pelo SOL com o número de suicídios desde 1998 torna evidente que não é possível extrapolar nenhuma tendência. O facto deste ano até Setembro o número de sucídios ser superior aos de 8 dos 10 anos anteriores significa tanto como de 2004 para 2005 o número de suicídios ter aumentado mais de 4 vezes (de 2 para 9).
Se o jornalista do SOL se tivesse dado ao trabalho de ler o Plano de Prevenção do Suicídio nas Forças de Segurança de Outubro do ano passado, ficaria a saber três coisas. Primeiro: a taxa de suicídios em Portugal não é especialmente elevada (é um quarto da mais elevada e a 30.ª em 45 países). Segundo: «a média da taxa de suicídio nas forças de segurança nos últimos 5 anos foi de 11,3, um valor inferior ao registado na sociedade civil». Terceiro: inferior à média nacional, apesar da maioria dos efectivos dessas forças ser do sexo masculino e se situar nos escalões etários com maior frequência de suicídios (na sociedade civil 89% dos dos suicidas são homens e 67% têm idades entre 23 e 35 anos).
Em conclusão, de acordo com o Plano de Prevenção do Suicídio nas Forças de Segurança, a taxa de suicídio nessas forças é mais baixa do que na população geral, pelo que o objectivo do plano deveria ser aumentar a frequência de suicídios para aproximar os polícias e os guardas republicanos do povo. Assim, a página do SOL gasta com um não-problema poderia ter sido usada, em vez de meia-dúzia de linhas, para tratar de explicar como a Mota-Engil, presidida pelo doutor Coelho, antigo ministro das obras públicas do PS, passou a controlar a Lusoponte, onde já se encontrava outro antigo ministro das obras públicas do PSD, e, desta forma tornar incontornável que lhe seja adjudicada a construção da 3.ª ponte (por troca com uma compensação pela perda de receitas da ponte Vasco da Gama).
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