Secção George Orwell
A propósito da segurança e das declarações do professor Cavaco (neste momento a fazer as vezes da doutora Ferreira Leite que está de férias), Francisco Louçã esclarece-nos que «tem de ser punido o assalto em que o assaltante leva dez mil euros», tal como «os crimes em que o banqueiro mais ilustre leva também ele milhões de euros que são dos bolsos das pessoas» (Público).
Segundo o evangelho desta espécie de tele-evangelista (Sarmento Rodrigues), também chamado de apóstolo da mentira (Bagão Félix), a extorsão de dinheiro por um criminoso (desculpem, um alegado criminoso) às suas vítimas é equivalente ao lucro legal e legítimo obtido, em condições aceitáveis de concorrência num mercado (relativamente) aberto, por um banqueiro em operações contratuais em que as partes podem livremente escolher e decidir.
Parece estranho? Não é. Resulta simplesmente do facto de para o doutor Louçã a liberdade contratual é irrelevante, como são irrelevantes a maioria das outras liberdades (exceptuam-se a liberdade de abortar e a liberdade de manifestação enquanto o doutor não for entronizado como O Grande Líder). O que importa é a Justiça. Qual justiça? A justiça que ele e os seus correlegionários entendem que é boa para o povo. O povo não concorda? É porque não está esclarecido. O doutor Louçã e a sua trupe estão aí para o esclarecer.
Cinco bourbons e outras tantos chateaubriands para o líder berloquista. Não faço a coisa por menos.
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