Há dois anos o Banco Mundial reuniu uma comissão dedicada a estudar o desenvolvimento económico. Não para teorizar sobre receitas para o crescimento, mas para analizar em detalhe as razões do sucesso dos únicos 13 países do globo que conseguiram alcançar uma taxa de crescimento superior a 7% ao longo de pelo menos 25 anos consecutivos, a contar em 1950. O crescimento, dizem, não é um milagre, mas pode ser explicado e até repetido.
Como se pode imaginar são quase todos asiáticos (China, Hong Kong, Indonésia, Japão, Coreia (Sul), Malasia, Oman, Singapura, Taiwan e Tailandia) mas não só: Malta, Botswana e Brasil completam a lista. Poder-se-ia acrescentar India e Vietnam, que vão nos 15 anos.
Não há muito em comum entre eles, são grandes e pequenos, autoritários e democráticos, e razoavelmente espalhados pela Terra.
O resultado final deste exercício foi agora publicado e aponta para uma mescla DE recomendações heterodoxas, umas profundamente liberais, outras profundamente de esquerda.
O mercado, a mobilidade laboral, a globalização económica (este considerado como o principal) são essenciais mas também o termo da desigualdade dos géneros, a segurança económica a melhoria na educação e sua extensão a toda a sociedade, a arte de bem governar.... Foram em particular identificados cinco factores que todos esses países tem em comum. Com efeito todos:
1. Exploraram plenamente a abertura da economia mundial
2. Mantiveram estabilidade macroeconómica.
3. Apresentam altas taxas de poupança e de investimento.
4. Deixam aos mercados a aplicação dos recursos disponíveis a investir
5.Tem governos empenhados, credíveis e capazes.
As estratégias baseadas no mercado interno e na aprocura interna não podem ter sucesso, porque fácilmente atingem o limite. E não pode haver limite a prazo, e não autorga à economia a mesma liberdade para especializar-se no que melhor produz.
A democracia é que não parece ser um requisito imprescindível.
O meu papel consistiu em ler os jornais e fazer de relator para vocês: não participei nos trabalhos da comissão (deixei vaga a 21ª cadeira) que integrou académicos, políticos, governadores de bancos centrais, maioritáriamente de países em desenvolvimento. E dois prémios Nobel da Economia.
O crescimento não é um objectivo em si mesmo. Mas é importante porque é essencial para conseguir aquilo que preocupa toda a gente: redução da pobreza, emprego produtivo educação, saúde e oportunidade de ser criativo. É sob este último ponto de vista que a comissão e eu achamos que vocês têm todos razão.
(Os créditos vão para Walter Oppenheimer, autor do artigo a partir do qual compus a minha nota. Gostava até de transcrever o parágrafo final:
"A abertura à economia global á qualificada como a característica compartilhada mais importante e lição central deste relatório. Os países de alto crescimento beneficiam-se de duas formas: por um lado importam ideias, tecnologia e conhecimento do resto do mundo; por outro exploram a procura global para os seus bens, gerada num mercado grande e elástico. Para dizê-lo de forma simples, importam o que o resto do mundo conhece e exportam o que o resto do mundo necessita.")
[de um email de JARF que, não morrendo de amores pelos mercados, percebe que não se pode ter sol na eira e chuva no nabal]
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