Frequentemente, o doutor Mário Soares demonstra-nos que o seu pensamento político já ultrapassou o prazo de validade. Foi assim ontem, outra vez, quando perorou ao DN sobre os seus fantamas recorrentes. A este propósito, leiam-se as palavras certeiras de Camilo Lourenço no Jornal de Notícias:
«Há anos que me interrogo sobre o que leva Mário Soares a falar de questões que não domina. Ontem, a propósito das assimetrias sociais em Portugal (problema gravíssimo), Soares falou, no “DN”, sobre várias matérias: globalização, neoliberalismo, papel do Estado... Do que disse, destaco o ataque à globalização, a quem responsabiliza pelos problemas do mundo, e o apelo ao fortalecimento do Estado, a quem pede para “não entregar a riqueza aos privados” (tirada curiosa, vinda de quem iniciou a abertura da economia aos privados).Só faltou perguntar: onde está a riqueza criada pelo Estado que Mário Soares pede para não entregar aos «privados»?
Na questão da globalização, Soares parece não saber que a queda das barreiras alfandegárias tirou da miséria mais de 150 milhões de chineses e centenas de milhões de indianos, coreanos, vietnamitas, brasileiros e mexicanos. Por outro lado, esquece-se de que foram os preços baixos, filhos da globalização, que permitiram ao mundo ter hoje acesso a coisas que, sem ela, não poderia pagar.
É impressionante como alguém a quem o País tanto deve (é também graças a si que hoje posso escrever estas linhas) assine um texto que podia ter sido parido por Hugo Chávez ou Fidel Castro.
Compreende-se que Soares queira, em nome da ala esquerda do PS, manietar Sócrates, mas para isso não precisa de fazer má figura. É que a globalização fez mais pelo combate à miséria e democratização do bem-estar, no mundo, do que todas as políticas socialistas juntas desde Marx e Engels.»
Atribuo ao doutor Soares cinco bourbons, por continuar igual a si próprio, e três chateaubriands, por não lhe ter ocorrido a pergunta cuja resposta teria evitado alguns dislates.
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