A SEDES, isto é antigos governantes e futuros governantes, vê no seu radar uma "crise social de contornos difíceis de prever». A SEDES não tem soluções para a coisa, só apelos. Apelos à sociedade civil, que por seu turno espera que o governo resolva o problema, e ao incontornável presidente da República, que espera, pelo seu lado, que a sociedade civil dê sinais de vida e, já agora, que a oposição escape à lei de Gresham. (*)
Ao contrário, os actuais governantes pela boca do ministro do Trabalho (e da Solidariedade?) vêem «uma fase difícil da sua vida colectiva, da sua economia, do seu modelo de organização (que) Portugal está a ultrapassar, de forma decidida».
Nada de grave. Poderíamos inverter as situações e imaginar o governo no lugar da SEDES e vice-versa a dizerem as mesmas coisas reciprocamente. O estado de dissonância cognitiva pode ser duradouro (o do regime salazarista durou 48 anos) e atingir grande profundidade (na véspera do suicídio, Adolf Hitler fazia planos para mudar o curso da guerra a seu favor). No nosso caso, espera-se que não dure mais do que 2 ciclos eleitorais e que o governo deixe de fazer planos o mais tardar a partir do meio do 2.º mandato.
(*) A propósito, a formulação corrente desta «lei», a má moeda tende a expulsar a boa moeda, dá uma ideia errada do verdadeiro fenómeno que, no caso da oposição, se poderia formular assim: enquanto por lá andar o doutor Menezes (ou o doutor Santana Lopes, ou etc.), o doutor Alexandre Relvas ou outros doutores, etc. continuarão a tratar das suas vidinhas, pelo menos até o engenheiro Sócrates ser acometido dum fastio irremediável. O doutor Portas não conta para a lei - trata-se de moeda falsa.
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