Segundo as estimativas de Miguel Frasquilho, que tem a obrigação de saber fazer contas, o score do governo em matéria de défice orçamental na óptica da contabilidade nacional será de 2,5% do PIB, ultrapassando claramente o objectivo de 3,7%.
Um pequeno senão, que ensombra o milagre: a receita total dos sectores Estado e Segurança Social ultrapassou em cerca de 2.400 milhões de euros o orçamento; a despesa ultrapassou o orçamento em cerca de 300 milhões, dos quais mais de 220 milhões são despesas correntes. Em conclusão, não fora o aumento da palha posta à disposição da vaca marsupial pública, o défice teria sido de 4%, isto é 0,3% acima do objectivo.
O milagre ainda fica mais magro se acreditarmos (não é preciso muita fé) na tese de Miguel Frasquilho do défice que o governo do senhor engenheiro diz ter herdado dos antecessores ter sido manifestamente exagerado com a preciosa ajuda do ministro anexo doutor Constâncio.
É claro que esta via para reduzir o défice à custa do aumento da carga fiscal resulta sempre até ao ponto em que a economia se exaure e definha para manter o estado social (social?).
E poderia ser diferente? Só se o governo fizesse o que manifestamente não quer ou não consegue fazer. Como a reforma necessária da administração pública, que não faz, porque só muda o indispensável para tudo continuar na mesma. Veja-se o novo regime de carreiras que no essencial só se aplicará aos novos funcionários públicos, regime cujo o sucesso é tanto maior quanto maior a legião dos novos funcionários públicos que o governo contratar.
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