A manobra orquestral no escuro à volta do controlo do Millenium bcp, convenientemente justificada pelo «interesse nacional», é o exemplo do perfeito casamento de conveniência entre o omnipresente estado napolónico-estalinista, momentaneamente encabeçado por dois dos seus mais fervorosos adeptos e permanentemente ocupado pela coligação de interesses pudicamente chamada Bloco Central, e um empresariado preguiçoso, pouco empreendedor e subserviente, mas de olho vivo e pé ligeiro. Tudo o que até agora se sabia já era suficientemente grave. Ficou mais grave com o que hoje se ficou a saber: accionistas do Millenium bcp, incluindo o inefável comendador Berardo, reforçaram as suas participações com dinheiro emprestado pela Caixa, que além de emprestar o dinheiro e de ser um dos accionistas mais importantes do banco, emprestou igualmente o seu ex-presidente e um dos seus administradores, por feliz coincidência amigo do peito do primeiro-ministro (ver notícia do Público).
Neste contexto, compreendem-se muito melhor os protestos de inocência e virgindade do porta-voz do PS doutor Vitalino Canas de interferência na escolha da nova administração do Millenium bcp, e as acusações que faz ao doutor Cadilhe deste insinuar essa interferência como parte da sua «campanha para o BCP».
Por seu turno, o doutor Cadilhe, possivelmente inocente de qualquer manobra com os accionistas (malgré lui, c'est pas sa faute), espera por «uma vaga de fundo dos que pensam 'assim, não!'».
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