16/01/2008

CASE STUDY: o Natal dos hospitais

«Metade dos enfermeiros não conseguiu emprego na sua área de formação seis meses depois de ter terminado o seu curso, revela um inquérito feito pela Federação Nacional de Associações de Estudantes de Enfermagem (FNAEE) junto das cerca das 40 escolas de Enfermagem do país no final do ano passado.

Por ano saem das escolas de Enfermagem cerca de três mil licenciados. Porque não encontram emprego na sua área de formação, hoje é possível ver enfermeiros a trabalhar em lavandarias, caixas de supermercado, até como ajudantes de Pai Natal na última época festiva. E há quem tente não perder a prática frequentando intermináveis estágios profissionais não remunerados, afirma o presidente da FNAEE, Gonçalo Cruz.
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O crescendo de escolas e vagas não parou desde o momento em que foi criada a licenciatura em Enfermagem, em 1999, diz Gonçalo Cruz. Metade são privadas e as propinas mensais podem oscilar entre os 350 e os 500 euros.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) estima que haja no desemprego 2500 enfermeiros e há 15 mil em formação, o que significa que "o problema vai agudizar-se", defende a dirigente sindical, Guadalupe Simões. "No mínimo, era preciso colocar um travão e diminuir o número de vagas". Defende ainda que a decisão de aumentar o número de enfermeiros, embora seja função do Ministério da Ciência e Ensino Superior, também convém ao Ministério da Saúde porque assim "desvaloriza o trabalho de enfermagem".
» (
Público)
Eis mais um curioso exemplo duma acção «positiva» do estado (inventar uma licenciatura em Enfermagem) de que resultam efeitos «negativos» (aumento do desemprego). O passo seguinte deverá ser encontrar todos os anos colocação para os 3 mil enfermeiros licenciados nos hospitais públicos onde, dizem os sindicatos, «dados do Ministério da Saúde, de 2004, davam conta da falta de 21 mil enfermeiros nos hospitais e 12 mil nos centros de saúde.» O passo a seguir será constatar que é indispensável reforçar o orçamento da Saúde para o qual será incontornável extorquir mais impostos aos sujeitos passivos. Finalmente, mais impostos sufocarão ainda mais a ecoanomia e criarão mais desemprego. Será então preciso aumentar outra vez os impostos para pagar os subsídios do desemprego que os impostos criaram.

É a lógica do bombeiro incendiário, uma vez mais.

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