Pedro Lomba escreveu hoje no DN (O fracasso da escola pública?) sobre o vício do debate escola privada/escola pública, que segundo ele, e eu concordo, passa ao lado de várias questões cruciais. Uma destas questões é, nas palavras de Pedro Lomba, o facto que «a escola pública tem sido, nestas últimas décadas, o melhor, o mais eficaz, senão mesmo o único realmente eficaz, instrumento de mobilidade social na sociedade portuguesa.»
A juventude de PL torna-lhe difícil avaliar o papel que o ensino técnico teve durante as décadas anteriores às últimas décadas na promoção social de jovens pobres com talento que as escolas comerciais e industriais (com níveis de exigência que, mutatis mutandis, envergonhariam hoje a maioria das escolas públicas e privadas) apetrechavam com ferramentas que os ajudaram a dar um chega para lá aos songamongas cujo único activo era serem um passivo das respectivas famílias. Por isso, nestas últimas décadas a falência do ensino técnico promovida pelo movimento politicamente correcto do eduquês, entre outras razões, reduziu o papel da escola pública como instrumento de mobilidade social a quase nada. Enquanto as classes alta e média alta matriculam os seus filhos nas melhores escolas privadas, as classes médias e baixa deixam os filhos onde calha e chateiam os poucos professores que ainda querem instruir os seus alunos, sob o olhar compreensivo dos apparatchiks do ME com os cérebros ensopados pelo eduquês.
É por isso que o papel insubstituível que a escola (pública ou privada) pode ter na redução das desigualdades sociais cada vez mais acentuadas passa, não por mais uma grande reforma, mas por uma contra-reforma que desinfecte o ministério da educação e o reduza à administração da instrução pública. E por uma pequena reforma: o cheque-educação (*) e a livre escolha da escola.
(*) Estava distraído! Queria escrever cheque-instrução - para a educação não há cheque.
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