Em dois interessantes posts (*) o blasfemo João Miranda explica a falência da direita, evidente uma vez mais nas eleições alfacinhas, pela demografia (o eleitorado de direita está a morrer), a educação da escola socialista, a dependência do estado napoleónico-estalinista e a asfixia da sociedade civil, a morte das ideias de direita (eu diria mesmo mais, a morte das ideias).
Parece-me bem, mas. Duvido que, para além duma correlação meramente circunstancial, se possa estabelecer uma relação de causa-efeito entre a falência da direita e o pletórica flatulência do estado ou vice-versa. Pelo menos não me parece no caso português, com uma direita culturalmente tão colectivista e amante do estado como a esquerda.
Talvez a falência da direita portuguesa resulte precisamente da sua semelhança com a esquerda portuguesa, da sua contaminação pelo colectivismo. Porque diabo haveriam os eleitores de preferir uma direita para manter o estado-providência quando a esquerda o faz com muito mais naturalidade e, uma vez ou outra, com mais competência?
E haverá esperança para o liberalismo em Portugal? Já havia razões para duvidar mas, já que João Miranda menciona os efeitos perversos da escola socialista, sempre vos digo que há boas razões para reforçar a dúvida. Se os novos paradigmas da biologia molecular se confirmarem e se o ARN tiver o efeito que se supõe possa ter na alteração do ADN, o falecido lamarckismo ressuscitará da tumba para onde Darwin o enviou. A nossa escola socialista seria então não apenas uma ferramenta de moldagem do crânio das criaturas que por lá passam, mas um veículo de modificação genética das gerações vindouras. Um veículo sujeito às leis da lotaria genética mas, em todo o caso, um veículo.
(*) O que está a acontecer à direita? e O que está a acontecer à direita? (II)
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