07/07/2007

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: o melhor negócio

Há uma boutade nos meios do headhunting que diz que o melhor negócio é comprar uma criatura pelo preço que ela vale e vendê-la pelo preço que a criatura julga que vale. Isto pode aplicar-se perfeitamente ao governo que temos e, também, a quase todos os que já tivemos.

A criatura governo e os spin doctors que ajudam a criatura a vender-se aos portugueses têm de si próprios uma excelente ideia. Mas que ideia deverão ter os portugueses da criatura? Deverão compará-la com aquilo que esperam que a criatura (lhes) faça? O método não é recomendável porque cada português espera uma coisa diferente. Ou, melhor, na essência esperam todos a mesma coisa. Que o governo lhes trate da saúde, da «educação» dos filhos, lhe ofereça abortos grátis, lhes dê estradas, emprego, reforma, e colo, muito colo.

Experimentemos avaliar a criatura pelas suas realizações face ao que a criatura se propunha fazer, ou seja pelos seus objectivos.

Secção Entradas de leão e saídas de sendeiro
«O Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE) teve, até ao fim do mês de Maio, um efeito nulo na redução da despesa com pessoal prevista para este ano. No Orçamento do Estado de 2007, o Governo estima gastar 17,3 mil milhões de euros com os trabalhadores do subscritor Estado. Este valor, que inclui uma poupança directa com o PRACE em 950 milhões de euros (PEC 2006-2010), implicaria uma queda de 1,2% face à execução de 2006. Porém, e até ao quinto mês de 2007, os gastos com os funcionários públicos foi 4,5% superior ao registado no mesmo período de 2006. Mas, não é só. Se à estimativa presente no Orçamento do Estado (17,3 mil milhões) somar-se a poupança consignada ao PRACE (950 milhões), o crescimento desta rubrica em 2007 face a 2006 seria de 4,15%. Ritmo que, mesmo assim, é inferior ao que se observa na execução orçamental, até ao momento. Por outras palavras, e segundo números do Governo, sem PRACE os gastos com pessoal subiriam menos do que estão a subir. O Estado estima ainda poupar, em 2007, 410 milhões em ganhos de eficiência, fruto da reforma da Administração Pública.
….
O Programa do Governo de José Sócrates estabelece como objectivo "diminuir, em pelo menos 75 mil efectivos, o pessoal da Administração Pública, ao longo dos quatros anos da legislatura". Esta é uma das promessas emblemáticas deste Executivo. Para já, esta meta parece impossível de ser cumprida. Em 2006, ano do início do PRACE, a redução líquida de funcionários ficou-se nos 10.871, o que obriga à saída, até Março de 2009, de 64.129 trabalhadores. No cumprimento da regra imposta pelo Governo em que por cada dois que saem entra um, a meta definida pelo Estado implicaria a saída de 128.258 funcionários - 7125 por trimestre, de 2007 a Março de 2009 - até ao fim da legislatura.»
(PRACE falha na redução dos gastos com o pessoal; Semanário Económico)

Face a isto, leva a criatura 3 urracas, 3 bourbons e 3 pilatos.

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